Relatório: maior ICO da história sofreu R$ 13 bilhões em manipulação de mercado

A Oferta Inicial de Moedas (ICO) da EOS teve parte de seus recursos oriundos de manipulações de mercado. Essa informação partiu de uma pesquisa feita pela Universidade do Texas e divulgada pela Bloomberg na quinta-feira (2).

Lançada em 2017, a EOS foi criada pela startup Block.one e recebeu grandes investimentos de nomes como Peter Thiel (cofundador do PayPal), bem como dos bilionários Alan Howard e Louis Bacon. Na época, a ICO arrecadou US$ 4,4 bilhões, que hoje equivalem a R$ 22,7 bilhões.

Desde que foi lançada, esta ICO ainda é a maior da história das criptomoedas. No entanto, o relatório afirma que pelo menos R$ 13 bilhões foram utilizados para manipular os preços do token.

A pesquisa foi elaborada pelo professor John Griffin, da escola de negócios Austin McCombs. O relatório final foi divulgado em parceria com a casa de análise de investimentos Integra FEC.

Crescimento artificial no preço do EOS

De acordo com o artigo e a investigação da Bloomberg, as negociações de manipulação ocorreram em pelo menos duas exchanges: Binance e Bitfinex. Essa manipulação recebe o nome de wash-trading, processo no qual uma entidade atua simultaneamente como comprador e vendedor no mesmo ativo.

Dessa forma, a mesma pessoa ou grupo realiza vultosas operações de compra e venda. Assim, tanto o volume quanto o preço do ativo são aumentados sem que haja demanda real. O efeito prático é reforçar o volume artificial ou manipular preços.

“Primeiro, houve uma manipulação direta no preço de oferta da EOS para cima através da compra extra e, com isso, aumentando o valor de mercado do token. Em segundo lugar, criou a falsa impressão de valor do token que seduziu outros para querer comprar o token na ICO”, diz um trecho do relatório.

A princípio, 21 contas foram associadas com as supostas manipulações no preço do EOS. No total, os endereços movimentaram 1,2 milhão de Ether (ETH), ou R$ 4,2 bilhões em valores atuais. Como foi lançada no Ethereum, a ETH foi a única criptomoeda utilizada durante a ICO.

Simultaneamente, as contas foram criadas para comprar EOS repetidamente e ao longo do tempo. Griffin afirmou que outra “parte significativa” dos ETH arrecadados foram movidos entre “contas obscuras”. Após essas movimentações, os ETH eram enviados até as exchanges.

“Identificamos que outros 2,895 milhões de éter (R$ 8,8 bilhões em valores atuais), ou 39% dos ETH criado no ICO, tiveram movimentações registradas indo da carteira da ICO até a Bitfinex”, explica o relatório.

Pesquisador já denunciou outras manipulações

As pesquisas de John Griffin não são estranhas ao mercado de criptomoedas. O pesquisador publicou um artigo em outubro de 2019 afirmando que o dólar Tether (USDT) foi utilizado para influenciar os preços de Bitcoin durante a alta de 2017.

“A Tether parece ser utilizada para estabilizar e manipular o valor do Bitcoin. Eu observei diversos mercados. Se há fraude ou manipulação em um mercado, isso deixa rastros nos dados. Os rastros deixados nesta relação são consistentes com uma hipótese de manipulação”, disse Griffin na ocasião.

Na época do lançamento do artigo, a Ifinex, empresa responsável pela USDT, rotulou as afirmações como “imprudentes e falsas”. Já no caso da EOS, a Block.one apresentou um relatório no qual não constam evidências de envolvimento da empresa no processo. Em suma, a manipulação, caso tenha ocorrido, teria sido realizada por agentes externos.

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