Token do jogo CryptoMines perde 95% do seu valor em duas semanas; mudanças despertam suspeitas

Os jogos em NFT do modelo play-to-ear (P2E) viraram febre a partir de 2020. Enquanto alguns deles – como o Tethan Arena – crescem em ritmo acelerado, outros experimentam quedas sucessivas. Neste segundo grupo está o CryptoMines, jogo cujo token já perdeu 95% de seu valor em duas semanas.

De acordo com o CoinMarketCap, o token ETERNAL chegou a valer US$ 792 em sua máxima histórica, atingida em 25 de novembro. De lá pra cá, contudo, o preço do token caiu vertiginosamente, sendo cotado a US$ 4,37 nesta quinta-feira (9).

Como se não bastasse a forte queda, a equipe por trás do CryptoMines reconheceu falhas no próprio modelo de negócio do jogo. Como resultado, eles comunicaram uma série de mudanças na quarta-feira (8), lançando suspeitas a respeito da credibilidade do jogo entre os jogadores.

Entenda o jogo

O CryptoMines é um jogo lançado na Binance Smart Chain (BSC) que trazia uma mescla de exploração espacial e mineração de tokens. Inicialmente, os jogadores poderiam adquirir o token ETERNAL através de exchanges como Pancakeswap, utilizando Binance Coin (BNB) na transação.

Com os tokens em mãos, os jogadores podiam cunhar (mint) tokens não fungíveis (NFTs) que representavam naves e trabalhadores. Estes, por sua vez, compunham a frota de cada jogador, que então podia usá-la para minerar mais ETERNAL através das missões propostas no game.

Além do cunhagem dos NFTs, o token ETERNAL também era utilizado para pagar o combustível das naves e os contratos dos trabalhadores.

Parte do valor utilizado para cunhar os tokens era destinado a um pool de recompensas, de onde saíam os ETERNAL distribuídos para quem cumpria as missões. E foi justamente este um dos pontos que gerou problemas no CryptoMines.

Falha nas recompensas e especulação

De acordo com a equipe do jogo, a queda no preço do ETERNAL foi causada por dois fatores. Em primeiro lugar, os NFTs passaram a ser emitidos com enorme facilidade, o que gerou uma “inflação” desses tokens.

“O principal problema é que os NFTS não têm custo adicional ou desgaste, causando uma população excessiva desses ativos. Assim, o jogo atingiu um ponto em que alguns investidores não têm a necessidade de continuar a investir novamente.”

Isto é, qualquer jogador passou a conseguir criar tokens e não mais precisa comprá-los. Com isso, o jogo passou a não ter criação de novos NFTs para buscar  tokens nas missões.

No entanto, a cunhagem dos NFTs é a principal ferramenta de abastecimento do pool de recompensas. Sem isso, o pool rapidamente começou a secar e as recompensas foram minguando.

Para completar o problema, a produção excessiva de NFTs fez com que grandes jogadores reunissem frotas gigantescas. Essas “baleias” passaram a reivindicar a maior parte das recompensas do pool, esgotando seus fundos com mais rapidez.

Na sequência, a equipe do CryptoMines afirmou que esses investidores despejaram grandes quantidades de ETERNAL no mercado. As vendas massivas teriam catalisado a forte queda no preço, segundo a equipe.

Distribuição suspeita

Contudo, a própria distribuição dos tokens no mercado põe em dúvida esta alegação. Segundo o white paper do jogo, somente 1,2 milhão da oferta total de 5 milhões de ETERNAL foram abertos ao público. Foram 250 mil em vendas privadas e 1 milhão em vendas públicas.

Ou seja, apenas 25% da oferta total estava no mercado e, portanto, poderia ser negociada. Em contrapartida, 42,2% ficaram nas mãos dos desenvolvedores através dos seguintes meios:

• Fundo de desenvolvimento (20% = 1.000.000 ETERNAL)
• Fundo de Liquidez em LP na Pancakeswap (15% = 751.230 ETERNAL);
• Reserva para “Funcionalidades de Gameplay” (5% = 250.000 ETERNAL);
• Marketing (2,2%).

Portanto, é improvável que os traders por si só tenham sido responsáveis por uma queda tão brusca, sendo que a maior parte dos fundos está com os desenvolvedores. No momento da escrita deste texto, o pool de recompensas já se encontra totalmente vazio.

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