Pix impediu expansão do uso de criptomoedas no Brasil, diz coordenador do real digital
O Pix supostamente ajudou a impedir a expansão do uso de criptomoedas no Brasil. A opinião é de Fábio Araújo, coordenador do Banco Central (Bacen) para os trabalhos do real digital. De acordo com Araújo, o BTC não deve ter sucesso como meio de troca por aqui.
As declarações do coordenador ocorreram na Brazil Conference, evento realizado pela comunidade de brasileiros em Boston (EUA). O executivo destacou a rápida penetração do Pix, que já é utilizado por mais de 104 milhões de brasileiros, 60% da população.
“Fica meio sem sentido pensar em cripto para fazer pagamento no Brasil. A gente tem um sistema de pagamento muito avançado, o Pix foi um fenômeno de adoção”, disse Araújo.
Sistema brasileiro dispensa criptomoedas
Apesar de sua posição, Araújo não se mostrou contra a tecnologia do Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas. De fato, o coordenador destaca que seu uso é importante em países que não possuem serviços de pagamento eficientes.
Nesse sentido, o uso de stablecoins lastreadas a uma moeda forte, e até o uso direto de criptomoedas, serve como alternativa. É o caso de países como Argentina e El Salvador, que adotou o BTC como moeda oficial em setembro de 2021.
Contudo, Araújo destaca que o Brasil possui um dos sistemas de pagamento mais robustos do mundo, e foi melhorado com a introdução do Pix. Portanto, os brasileiros já contam com uma ferramenta eficiente e rápida para fazer pagamentos.
De acordo com o Bacen, as criptomoedas são interessantes devido a outras vantagens. A instituição cita que a tecnologia permite criar soluções financeiras inovadoras com muito menos recursos e em menos tempo quando comparado com o mercado tradicional.
“O que a gente no Banco Central vê no mercado de cripto de valor é a programabilidade, a flexibilidade que você tem com essas ferramentas. Uma fintech pode pegar essas ferramentas de programação, fazer um produto financeiro novo e colocar no mercado de uma maneira muito mais rápida do que pode ser feito hoje no mercado tradicional”, explica Araújo.
Do Pix ao real digital
Para Araújo, o Pix representa a primeira parte de algo que será uma grande revolução no mercado brasileiro. Nesse sentido, o Bacen enxerga no Open Banking e nas criptomoedas a possibilidade de inaugurar uma segunda fase de expansão de serviços financeiros no país.
Por fim, a terceira fase é justamente a digitalização total da moeda brasileira, o real digital. Para muitos, o Pix já funciona na prática como um real digital, mas o Bacen pretende aprofundar esse processo. Por isso, a moeda deve ser lançada até 2024.
O presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, fez um anúncio relevante em live na segunda-feira (11), informando que o real digital será lançado ainda este ano. De acordo com Campos Neto, esta primeira versão estará disponível no segundo semestre do ano.
O real digital será uma versão brasileira da CBDC (“central bank digital currency”, na expressão em inglês). Sua criação terá como base uma stablecoin e o STR (Sistema de Transferência de Reservas), meio no qual são feitas as transferências de recursos entre instituições financeiras.
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