Descaso da Yuga Labs pode comprometer futuro do Otherside? Entenda

Apesar dos enormes problemas, a venda dos NFT do metaverso da Yuga Labs foi considerada um sucesso total. De acordo com dados da empresa, somente as vendas dos NFTs geraram uma receita de US$ 561 milhões. O valor corresponde a R$ 2,8 milhões na cotação em reais.

Dos 100 mil NFTs criados, 55 mil foram colocados à venda e adquiridos em apenas 24 horas. Os 45 mil restantes estão incluídos em uma distribuição para detentores das coleções da Yuga Labs. Donos de Bored Apes (BAYC) e Mutant Apes (MAYC) serão contemplados.

No entanto, é inegável que houve uma série de problemas com a coleção. O principal deles foi a modalidade de venda, que terminou sobrecarregando as taxas. Como resultado, muitas pessoas chegaram a pagar até um Ether (ETH) para adquirir os terrenos.

Para o cientista da computação e fundador da OriginalMy Edilson Osório Jr, o processo mostrou diversas falhas da Yuga Labs, especialmente pela falta de revisão. E a forte queda recente nos preços dos NFTs da empresa também é um sinal de alerta.

Robôs e concorrência desleal nas vendas

Conforme explicou o CriptoFácil em matéria realizada antes da venda, a Yuga Labs optou por não utilizar o esquema de leilão holandês. Neste tipo de leilão, o preço começa com um preço alto, que vai baixando aos poucos.

Os preços continuam a cair até que algum comprador esteja disposto a pagar o montante atingido. No entanto, o leilão dos Otherdeeds foi realizado no esquema de mintagem dos NFTs. Quem pagasse a maior taxa conseguiria obter acesso ao token.

Essa corrida fez com que os usuários começassem a enviar transações com taxas muito altas, visando obter a vantagem de mintar o NFT. A tática elevou as taxas do Ethereum a tal ponto que o dia 30 de abril foi um recorde histórico na queima de taxas, com mais de 71.000 ETH queimados.

Contudo, muitas dessas transações foram realizadas por intermédio de robôs (bots), ou seja, de forma automatizada. Essa prática, segundo Osório, tem se tornado comum em projetos de NFTs executados tanto no Ethereum quanto na Solana.

“Existiram muitos outros projetos no Ethereum (e em outros blockchains, como o que aconteceu na Solana) que sofrem com bots durante os lançamentos. É um problema recorrente, que simplesmente foi ignorado. Os bots poderiam ter sido bloqueados também, através de um processo mais eficiente”, explicou.

O uso de bots é uma prática que beneficia um pequeno grupo de usuários, enquanto outros saem prejudicados ao não conseguirem mintar os NFTs. Dessa forma, a venda acabou ficando relativamente concentrada, algo que a Yuga Labs queria evitar.

Falta de atenção ao contrato

A Yuga Labs comentou a respeito do problema e pediu desculpas aos usuários. O estúdio atribuiu o problema à capacidade do Ethereum, que não suportou a mintagem de todos os NFTs.

Porém, Osório destaca que o problema não está apenas no Ethereum, mas sim na falta de revisão da Yuga Labs.

“Acho que realmente foi descaso e falta de profissionalismo, como acontece com frequência nesses grandes projetos. Como há excesso de criptomoeda para algumas elites, eles parecem nunca se preocupar com esses tipos de acontecimentos, que na verdade só desagrada quem não faz parte dessa classe”, disse.

Cabe destacar que a Yuga Labs é a maior empresa do setor de NFTs, cujas coleções movimentam na casa dos bilhões de dólares. Portanto, a desatenção ao que seria um eventual sucesso de demanda é preocupante.

Nesse sentido, Osório também comentou a respeito da declaração feita pela Yuga Labs de que poderia criar sua própria blockchain. A empresa ventilou essa medida como forma de eventualmente reduzir os supostos gastos de taxas no Ethereum.

Para o cientista, criar uma blockchain própria não é uma garantia de sucesso, mas sim montar uma boa equipe e mitigar erros. Afinal, redes como o Axie Infinity possuem uma blockchain própria e ainda ficaram vulneráveis a grandes ataques.

Sucesso de vendas, mas…

Como os NFTs foram todos vendidos em menos de 24 horas, a venda poderia ser classificada como bem-sucedida. Mas não parece ser o caso ao analisar os dados recentes tanto dos Otherdeed quanto dos BAYC, cujos valores caíram nos últimos dias.

No caso dos terrenos, o preço chegou a atingir 4,2 ETH em 1º de maio, mas recuou para 3,77 ETH nesta terça-feira (3). Levando em conta os altos custos de taxas, muitos compradores obtiveram apenas um lucro marginal na operação.

Os BAYC também sofreram fortes quedas em seu preço-piso – valor do NFT mais barato da coleção. Esse preço chegou a atingir 167 ETH, ou R$ 2,3 milhões, mas agora caiu para 107 ETH (R$ 1,5 milhão), conforme dados da plataforma OpenSea.

Queda no preço dos BAYC. Fonte: OpenSea.

“O que eu estava esperando era acordar e ver um mundo de gente querendo comprar e o preço subindo para as alturas hoje. Mas acho que esse gráfico e o preço da ApeCoin (APE) mostram que a galera não tá nada eufórica (provavelmente muito pelo contrário)”, finaliza Osório.

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