Stablecoins; De onde vem e para onde vão

“Stablecoins” são um tipo de criptomoeda que tem seu valor pareado a uma moeda nacional. Usando tecnologia similar ao Bitcoin e as diversas Blockchains, organizações privadas criam moedas digitais e igualam seu valor à de uma moeda nacional de referência. Por exemplo, se você tem 1000 USDCs, você tem 1000 dólares na sua carteira digital. Há diversas opções de stablecoins, inclusive do nosso Real Brasileiro, com a BRZ da Transfero e o CBRL da fundação Celo.

Há inúmeras iniciativas hoje tentando criar a melhor, mais segura e mais eficiente rede de Stablecoin. O Bitcoin trouxe a fundação necessária para se criar estruturas seguras e, mais tarde, outras engenharias foram desenvolvidas dedicadas a este propósito específico – dinheiro digital como conhecemos. Podemos encontrar também Stablecoins pareadas a outros ativos, como metais e até ações. A ideia aqui é focar somente naquelas que se equiparam a moedas nacionais.

Não é tão diferente de ter uma conta bancária, neste sentido. A diferença-chave é que este dinheiro digital não é criado ou emitido por bancos, mas por empresas e organizações de tecnologia controladas pela iniciativa privada e sem anuência de governos.

Diante deste fato, você deve se perguntar:

– “Então estas empresas criam dinheiro do nada? Copiam dinheiro? Isso é permitido legalmente?”

Primeiramente, todo dinheiro, seja dos Bancos Centrais (as chamadas “moedas fiduciárias”) ou das iniciativas cripto, é criado do nada e disponibilizado por computadores. É óbvio a esta altura que não há nenhum crime flagrante na criação e uso de Stablecoins. Se houvesse, pessoas já deveriam ter sido presas então, já que a primeira, USDT, foi criada em 2014.

Em ambos os casos, Bancos ou Tech, há um consenso de que devem haver regras para sua criação, que devem ir além da segurança e legitimidade. A questão que geralmente se levanta é: O que dá lastro a este novo dinheiro criado? Que “bens reais” existem por trás desta criação de dinheiro?

E isso nos leva ao centro da discussão sobre dinheiro de hoje. De um lado, aqueles que se queixam que a criação de dinheiro por parte dos Bancos Centrais, muito superior em volume às Stablecoins, está fora de controle e, por consequência, tem causado a subida geral do custo de vida e perda do poder de compra. A temida inflação.

Fonte: https://vocesa.abril.com.br/mercado-financeiro/eua-aprendem-que-dolar-tambem-inflaciona-e-a-maior-alta-nos-precos-desde-1982/

Há problemas também com as Stablecoins. Investigações tem mostrado que estas iniciativa de programadores não possuem ativos para dar lastro ao dinheiro criado, e que podem sumir do mapa amanhã, levando o valor do seu dinheiro a zero. É o chamado “caso Tether”.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2021/07/07/pro/saiba-o-que-e-o-tether-e-as-preocupacoes-em-torno-do-ativo/

As Vantagens das Stablecoins 

Do mesmo jeito que o dinheiro digital representa um avanço ao dinheiro inteiramente físico (somente notas e moedas), tanto em usabilidade, quanto armazenamento e sobretudo, facilidade de uso, as Stablecoins são um nível acima não só nestes aspectos, mas também por serem feitas para atender de forma mais eficiente as necessidades do atual volume de negociações de serviços e produtos que hoje crescem exponencialmente na internet, e demandam velocidade para cruzar as barreiras nacionais.

Seu funcionamento se assemelha a de uma conta bancária que pode ser aberta de forma fácil e instantânea. E 100% automatizada – sem a necessidade de um atendimento para abrir para você. Algumas StableCoins adicionam uma camada de decentralização. Ou seja, seus “upgrades” e alterações não são governados pela decisão de uma mesa diretora seguindo uma hierarquia corporativa, mas sim por uma comunidade que se encarrega das sugestões e produções. Um Software Livre.

Fonte: https://www.gnu.org/philosophy/free-software-intro.pt-br.html

Stablecoins são também fáceis de se converter, e são portáteis. Com poucos cliques você troca sua StableCoin por outras moedas. A forma mais eficiente de se trocar em diferentes moedas existente hoje. Você ainda pode levar seu saldo para qualquer aplicativo ou serviço sem ter que pedir permissão para nenhuma instituição ou indivíduo.

Estes dois aspectos (conversibilidade e portabilidade) são os principais motivos do sucesso das Stablecoins em países da América Latina e da África. Elas tem grande vantagem sobre os sistemas de conversão de moedas destas nações – são mais rápidas, mais transparentes e mais baratas que os bancos e as tradicionais casas de câmbio.

Utilizando Stablecoins, o individuo pode manter o dinheiro recebido no seu pagamento na moeda forte que recebeu. Antes, para um profissional na Argentina ou na Nigéria que tinha um contrato em Dólares com uma empresa americana, a única opção que existia era converter 100% do valor para sua moeda fraca, sujeito as leis de conversão que lhe tomam um parte deste valor e terminando com seu saldo em um dinheiro que se desvaloriza diariamente.

Tomemos o exemplo Federico, um garoto de 12 anos e vive em Córdoba, Argentina. Federico ganhou milhares de dólares em um aplicativo, com o vídeo do seu cachorrinho. Hoje, ele vai manter o valor em dólares sem a necessidade de uma conta bancária nos EUA, e proteger o saldo da inflação local. Em posse do saldo, ele vai poder ainda gastar o dinheiro em lojas online internacionais. Com o mínimo possível de custo e fricção.

Na nossa empresa, a Bitwage, vemos um crescimento diário de profissionais que trabalham pela internet, tem contratos em Dólares ou Euros, e que estão optando por Stablecoins para manter o valor dos seus ganhos na moeda dos seus contratos, e assim, protegendo seu poder de compra da inflação. Eles recebem em dinheiro forte e só tocam o dinheiro fraco e volátil dos seus países quando precisam gastar localmente. O melhor dos dois mundos.

Agora ficou mais fácil entender porque as Stablecoins só crescem em popularidade. Os benefícios para o ecossistema de pagamentos internacionais ganha nitidamente em eficiência. E também ressaltada a importância de como o dinheiro, cripto ou não, tenha regras claras que ofereçam aos indivíduos o melhor nível de segurança, transparência e soberania sobre suas economias.

Aviso: O texto apresentado nesta coluna não reflete necessariamente a opinião do CriptoFácil.

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